História da América Independente

2019.2 Licenciatura em História, Unilab, campus dos Malês

A Revolução Mexicana

(1910-1917)

Prof Eric Brasil

Texto obrigatório:

BRUIT, Hector. Revoluções na América Latina. São Paulo: Atual, 1988. "1. A Revolução Mexicana"


Porfiriato (1876-1910)

Tensão e ambiguidade: crescimento e progresso econômico.

Crise econômica + Greves de Sonora e Cananea + Incapaciadade do profiriato de lidar com as demandas sociais = violência estatal.

Insatisfação generalizada com as consecutivas reeleições (fraude + intervenção estatal nas eleições).

Porfirio Díaz

1908: oposição ganha força nacional

Francisco Madero, grande fazendeiro do Norte do México. Ligado as elites latifundiárias de Coahuila. Excluídos dos privilégios garantidos pelo profiriato.

Francisco Madero

Madero em 1909 e 1910:

Campanha anti-reeleição e se candidata à presidência. Percorre o país estabelecendo alianças com diferentes grupos sociais.

Plan de San Luis de Potosí:

  • Centenário da independência. Porfírio prende os opositores, inclusive Madero.
  • Madero, do Texas, lança o Plan de San Luis de Potosí convocando a revolução para 20/11/1910
  • Resposta de diferentes setores da sociedade: pegam em armas para apoiar Madero.
  • Insurgência em diferentes pontos do país + Retorno de Madero = Renúncia de Profirio Díaz em maio de 1911

Madero no poder e a Revolução camponesa continua

Outubro de 1911: Madero é eleito e sai vitorioso em seu objetivo principal de colocar um fim à ditadura.

As múltiplas forças que derrotaram Porfírio Díaz se recusam a aceitar a ideia de vitória de Madero: garantir a democracia com eleições e a escolha de representantes e pacificar o país.

A revolução ainda está no começo

Os grupos variados que haviam lutado a partir de outras experiências e com outros horizontes de expectativas entendiam que os elementos da vitória representados no projeto de Madero era muito pouco.

Ainda no final de 1911, esses grupos demonstram que não aceitariam o interrompimento do processo revolucionário.


Plan de Ayala (novembro de 1911)

Representado primordialmente pelo líder indígena camponês, Emiliano Zapata, do estado de Morelos, ao sul do México.

Projeto sofisticado, marcado por vários interlocutores, principalmente Otilio Montaño (professor de escolas rurais).

Madero traiu a causa dos camponeses, sem atender suas demandase por isso a luta vai continuar.

O que os camponeses do Centro-Sul queriam?

Projeto revolucionário camponês:

recuperar prerrogativas que haviam sido perdidas em face da reforma liberal e da modernização econômicas. Recuperar formas de vida que eram possíveis até início do século XIX.

Exército Libertador do Sul

  • 20 mil combatentes, em sua maioria camponeses.
  • Liderança de Emiliano Zapata
  • Comandantes militares não poderiam sobrepujar a vida social dos pueblos, seus conselhos, decisções, tradições e práticas.

Plantio, colheita e guerra

John Womack. Zapata y la Revolución Mexicana

Um golpe na Revolução: 1913

P. Orozco desafia a autoridade de Madero no Norte

Madero indica o general V. Huerta para pacificar o norte. Ganha força política e organiza um golpe de estado, com sustentação de antigos apoiadores de Porfirio Díaz.

Huerta assassina Madero e seu vice e assume o poder através de um golpe militar.


Huerta no poder e o início de nova ditadura

Ditadura de Huerta: movimento político de restauração do modelo do Porfiriato, inclusive com antigos nomes retornam aos cargos do governo.

Oposição revolucionária se unifica contra o governo de Huerta: inimigo comum, como havia sido Porfirio Díaz

No Norte, os impactos do porfiriato e os revolucionários

Região mais afetada: desenvolvimento das ferrovias, fábricas têxteis e mineração – expropriam terras, aumentam o poder político e econômico dos latifundiários – proximidade com os EUA.

Pancho Villa e a Divisão do Norte


Quem formava o exército de Villa?

Formado no estado de Chihuahua, inicialmente por cavaleiros, atinge mais de 50 mil pessoas e se espalha por todo norte

  • Bandoleros, ex-membros das colônias militares, trabalhadores das minas, ferrovias, fábricas têxteis
  • Exército muito mais heterogênea, porque a sociedade do Norte era mais heterogênea.
  • Ideais agraristas: as terras (re)conquistadas dos latifúndios seriam distribuídas através da reforma agrária
  • Disciplina, controle e organização mais difíceis. Violência, saques, estupros
Fotografia de Mutual Film Corporation, 1914

Carranza e a causa dos fazendeiros do Norte

Exército constitucionalista, oriundo do estado de Coahuila, onde era governador.

Defesa do reestabelecimento da normalidade constitucional do país.

Recebe auxílio de Álvaro Obregón, de Sonora, fortalecento o exército constitucionalista.

Conseguem derrotar Huerta, em 1914, que foge do país.


Inúmeras lideranças, projetos e expectativas

Convenção de 1914 em Águas Calientes: sem acordo entre as lideranças

Carranza se retira e buscar se reorganizar militarmente para subordinar os revolucionários do norte (Pancho Villa) e do Sul (Emiliano Zapata)

Forças agrárias unidas pela Revolução (1914)

Exército Libertador do Sul (Zapata) e Divisão do Norte (Villa) se articulam para lutarem juntos pela devesa da revolução. Zapata e Villa entram na Cidade do México e sentam na cadeira presidencial (06 de dezembro de 1914)

Retornam para o Norte e o Sul, e a Cidade do México, sem controle do poder central. Ou seja, Pancho Villa e Zapata não construíram o desfecho do movimento juntos, não estabeleceram a aliança política necessaria para um governo nacional capaz de garantir as demandas dos camponeses.

A aliança entre eles foi passageira e fortuita, sem um encaminhamento comum para a construção de uma nova ordem no México.

Carranza se consolida como liderança capaz de pacificar e reconstruir o paiz. Para tanto, seria preciso derrotar os opostiores

General Obregón e a eliminação da Divisão do Norte em 1915

Imediatamente, Carranza envia seu exército liderado por Obregón, armado com as mais modernas tecnologias militares para aniquilar as tropas de Pancho Villa.

A experiência zapatista de um ano antes do ataque de Carranza

Camponeses-soldados buscam implementar o projeto do Plan de Ayala.

Autonomia administrativa plena: cada pueblo teria o direito de escolher as formas de uso e distribuição das terras.

1916: ataques ao sul, para subjulgar cada milímetro do território zapatista.

Exército liderado por Pablo Gonzáles brutaliza os pueblos e maassacra camponeses, crianças e mulheres.

1917: nova constituição e o fim da revolução

  • Poder executivo forte e interventor
  • Reformas sociais importantes: leis trabalhistas e reforma agrária (unidades fundiárias – ejidos – controladas pelo estado, com usufruto individual e não comunitárias)
  • Toda riqueza do subsolo seria do Estado (cria enormes tensões com as empresas de capital estrangeiro e principalmente com os EUA).

A violência estatal continua e as insatisfações e demandas dos camponeses também

Zapata é assassinado em uma emboscada em 1919, organizada por Carranza.

Carranza, presidente após 1917, é assassinado em 1920 em um plano de Obregón.

Pancho Villa foi assassinado em 1923 numa emboscada no Norte.

Como entender e definir essa Revolução?

Filha da Revolução

"Lembro de quando tinha quatro anos [...] testemunhei com meus próprios olhos a batalha dos camponeses de Zapata contra os carrancistas. Minha situação era muito clara. Minha mãe abria as janelas {...} ela dava acesso aos zapatistas, de modo que os feridos e famintos entrassem pelas janelas na minha casa [...] Ela cuidava dos ferimentos e os alimentava com grossas tortillas, a única comida que se conseguia arranjar em Coyoacán naqueles dias (Frida Kahlo, apud Herrera, 2018. pp. 25-26)

Bibliografia

  • BRUIT, Hector. Revoluções na América Latina. São Paulo: Atual, 1988. "Introdução" e "1. A Revolução Mexicana"
  • CAMIN, H. & MEYER, Lorenzo. A Sombra Da Revolução Mexicana: História Mexicana Contemporânea, 1910-1989. São Paulo: EDUSP, 2000.
  • WOMACK, John. Zapata y la revolución. Siglo XXI, 1969.