Etnocentrismo, eurocentrismo e a construção do outro
Aula 3: 19/02/2024
História e Eurocentrismo
Muryatan Santana Barbosa (1977)
Samir Amin (1994): “definiu o eurocentrismo como a crença generalizada de que o modelo de
desenvolvimento europeu-ocidental seja uma fatalidade (desejável) para todas as sociedades
e nações”.
Anibal Quijano (2000): Paradigma. “Isso porque sua característica singular seria a de se
reproduzir como uma estrutura mental, consciente ou não, que serve para classificar o mundo. E, portanto, poder abordá-lo”..
Muryatan Barbosa: O eurocentrismo é entendido “como ideologia e paradigma, cujo cerne é uma estrutura
mental de caráter provinciano, fundada na crença da superioridade do modo de vida e do
desenvolvimento europeu-ocidental” 47.
Filosofias da História dos séculos XVIII e XIX: construir interpretações
evolutivas das sociedades humanas, baseadas no progresso da história europeia-ocidental
- Voltaire, Marx, Engels...
Crença na excepcionalidade europeia
- econômica (capitalismo)
- culturalista (modernidade, cultura greco-romana)
- religiosa (judaico-cristã)
- racial (branca)
- condiciona o nascimento disciplinar da História
Orientalismo
Edward Said (Jerusalém, 1935 - Nova Iorque, 2003)
Orientalismo
"Oriente é um palco no qual todo Leste está confinado" - por uma ação da Europa
Maneira particular de percepção da história moderna e tem como ponto de partida o estabelecimento de um binarismo: Ocidente X Oriente.
É o autorepresentado Ocidente que define e limita o Oriente.
É uma lente que determina a leitura que se faz do Oriente (estereótipo, homogêneo);
Não só através da violência física e controle político, mas também através da antropologia,
literatura, do discurso, da arte, da cultura pop.
Provincializar a Europa
Dipesh Chakrabarty (Calcutá, 1948)
- Europa: produz teoria para explicar fenômenos sobre os quais seus historiadores não possuem conhecimento empírico.
- “A tendência a ler a história indiana em termos de ausência, lacuna e incompletude” é evidente.
- Binarismo, característico do Orientalismo.
- Europa define o que é moderno e o que é cidadania.
Europa para Chakrabarty
- hiper-real por se referir a figuras de imaginação com referências geográficas de certa forma indeterminadas.
- A Europa “não passava de uma peça de ficção contada ao colonizado pelo colonizador no processo de fabricação da dominação colonial.”
- Tanto o imperialismo quanto os nacionalismos do terceiro mundo entendem a universalização do Estado-Nação como a mais desejável forma de comunidade política
O que é o projeto de provincializar a Europa?
- denunciar a história que procura naturalizar e domesticar a heterogeneidade e acima de tudo denunciar a violência, que teve um papel decisivo no estabelecimento das narrativas, decidindo qual “universal” venceria.
- denunciar que a razão, ciência, universalismo que ajudam a definir a Europa não são exclusividades europeias e não estão presentes somente nessa sociedade.
O que é o projeto de provincializar a Europa?
- documentar como e através de qual processo histórico, esses preceitos - que não foram sempre óbvios – tornaram-se óbvios para toda a humanidade.
- Entender que a Europa é “uma entidade imaginária, o que não abala seu poder”